Audi quase comprou plataforma modular de elétricos da chinesa IM Motors, da SAIC
Enquanto elétricos patinam no mundo, Audi é obrigada a estudar a possibilidade de comprar direitos de usar plataforma modular da IM Motors para a China
A China se tornou uma potência de automóveis elétricos e
esse ‘boom’ não é de hoje. O gigante asiático vem há anos mudando sua
infraestrutura para a expansão dos elétricos e aposta alto no desenvolvimento
de baterias, plataformas e softwares inteligentes. O resto do mundo tenta acompanhar de alguma forma. Marcas
ocidentais na China, por exemplo, têm sofrido com a concorrência chinesa. A
Audi mesmo se vê numa situação muito similar. A marca das argolas cogitou a compra
da plataforma modular da IM Motors, uma marca premium da SAIC.
Essa plataforma foi pensada para automóveis elétricos e, de
acordo com o Automobilwoche, a Audi queria acelerar o desenvolvimento de veículos
elétricos, especialmente com foco na China. Segundo informações apuradas, o então
CEO da Volkswagen na época, Oliver Blume, teria aprovado a ideia de compra da plataforma
modular chinesa. O sinal verde do executivo faria com que a ideia passasse a um novo
nível de aprovação: o Conselho de Supervisão da Audi. Em contrapartida, a marca
alemã negou a medida quando questionada pelo site, mas o Automobilwoche endossou
a informação com suas fontes.
Inicialmente, a Audi estaria de olho em plataformas de
marcas como BYD ou BAIC, segundo o Automotive News Europe. Essa busca por uma nova parceira estava relacionada com falha de software que a plataforma Scalable
Systems Platform (SSP) sofre nos últimos anos – inclusive atrasando uma série
de projetos dentro do Volkswagen Group. Quanto as negociações, a Audi continuou negando esse interesse em
plataformas modulares chinesas, mas outras informações surgiram provando o contrário. De acordo com a
Agência Reuters, a Audi bateu na porta da parceira do Volkswagen Group, a SAIC.
Sim, o mesmo grupo chinês que adquiriu a Morris Garages (MG) no início dos anos
2000.
A SAIC possui uma marca premium, a IM Motors (também conhecida como Zhiji na China), que possui quatro produtos: os sedãs L6 e L7 e os utilitários esportivos LS6 e LS7. A plataforma em comum a eles é a iO Origin, com uma arquitetura elétrica de 900V que é capaz de recuperar 200km de autonomia da bateria em apenas 5 minutos, quando plugado em uma estação de recarga rápida (DC). Moderna, a plataforma modular poderia ser um bálsamo para o desenvolvimento de novos elétricos na China, para que a alemã possa contra-atacar em um mercado intenso de novidades.
Detalhes destas conversas entre a Audi e a SAIC são segredos guardados a sete chaves, mas fontes confirmaram para a Reuters que houve a conversa. Dentre as plataformas que a alemã analisou no mercado chinês, a base da IM Motors era uma das mais bem cotadas. Ao mesmo tempo que espera a Cariad (braço da Volkswagen para desenvolvimento de plataformas e softwares) solucionar os problemas com a base SSP, a Audi trabalha em sua própria plataforma modular, chamada de Performance Platform Electric (PPE). Desenvolvida com apoio da Porsche, a base estará em novos elétricos de ambas as marcas.
Toda essa espera por uma plataforma para colocar seus projetos em andamento fez com que a Audi conversasse com os chineses. O próprio CEO da marca na época, Markus Duesmann, confirmou que a empresa precisava acelerar seus projetos para atender à crescente demanda por elétricos na China. Essa falta de produtos fez a Audi perder vendas e ver potenciais consumidores optarem por outras marcas, inclusive startups premium da China – como a IM Motors, por exemplo. Ao que parece, essa negociação foi interrompida porque os problemas relacionados com a plataforma modular SSP parecem ter sido resolvidos e a base deve ficar pronta em meados de 2026 – e não mais 2030 como chegou a ser ventilado.
Além disso, a Audi ainda estuda expandir sua produção com uma nova fábrica. Novos modelos elétricos podem ser produzidos na fábrica de Puebla, no México, onde hoje a marca produz o Q5 e o Q5 Sportback. A Agência Reuters confirmou também que a Audi até mesmo cogitou erguer uma nova fábrica nos Estados Unidos, para se enquadrar elegível para receber os US$ 7.500 em créditos fiscais para veículos elétricos com o Inflation Reduction Act (IRA). Outra solução seria produzir com a Volkswagen, na fábrica de Chattanooga, no Tennessee. Na mesma época, o então Presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, tinha confirmado que a Audi faria um novo investimento na fábrica mexicana.
Fotos: Audi / divulgação | IM Motors / divulgação
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