GM tentou demitir funcionários das fábricas do estado de São Paulo, não conseguiu e abre PDV
General Motors (GM) demite funcionários de São Caetano do Sul (SP), na linha de produção de S10 e TrailBlazer, São Caetano do Sul e Mogi das Cruzes
A General Motors (GM) arrastou, por dois meses, um problema
com a demissão dos funcionários de suas fábricas em São José dos Campos (SP),
São Caetano do Sul (SP) e Mogi das Cruzes (SP). Alegando queda nas vendas, a
demissão colocaria cerca de 1.200 funcionários em regime de lay-off em São José
dos Campos, responsável pela produção de S10 e TrailBlazer. A unidade de Mogi
das Cruzes é responsável pela produção de componentes e São Caetano do Sul faz Spin,
Tracker e Montana.
“Os trabalhadores e o Sindicato foram pegos de surpresa, em
pleno sábado, com essa atitude covarde da GM. Nenhuma empresa pode fazer
demissões coletivas sem prévia negociação com sindicatos no Brasil, e não vamos
admitir essa arbitrariedade da montadora. A luta já começou e estamos
mobilizados para reverter esses cortes”, afirma o Vice-Presidente do Sindicato
dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Valmir Mariano. Em contrapartida, a GM
enviou uma nota de resposta para o Portal G1 alegando que após várias
tentativas atendendo as necessidades de cada fábrica, tomou a medida.
“A queda nas vendas e nas exportações levaram a General
Motors a adequar seu quadro de empregados nas fábricas de São Caetano do Sul,
São José dos Campos e Mogi das Cruzes. Esta medida foi tomada após várias
tentativas atendendo as necessidades de cada fábrica como, lay-off, férias
coletivas, days off e proposta de um programa de desligamento voluntário.
Entendemos o impacto que esta decisão pode provocar na vida das pessoas, mas a
adequação é necessária e permitirá que a companhia mantenha a agilidade de suas
operações, garantindo a sustentabilidade para o futuro”, disse a GM.
De acordo com o Sindicato, alguns funcionários foram desligados por telegramas e e-mails. Isso provocou uma greve dos funcionários. "Foi aprovada pelos empregados, nesta segunda-feira, 23 de outubro, em assembleias realizadas pelos sindicatos dos metalúrgicos de São Caetano do Sul, São Jose dos Campos e Mogi das Cruzes a proposta de greve por tempo indeterminado.”, adicionou o grupo. Só em São José dos Campos, o corte seria de até 30% do quadro de instrumentos, nas estimativas iniciais. "Estimamos algo em torno de 25% e 30% do quadro de funcionários de São José dos Campos, mas não é um número oficial porque a montadora não nos informou. Vamos tentar acessar este dado nos próximos dias", disse Renato Almeida, Secretário-Geral do Sindicato de São José dos Campos e região.
“Não existe crise na GM. O que existe é um processo de reestruturação da montadora em todas as suas unidades, no mundo. Nos Estados Unidos, os companheiros da GM estão em greve há um mês, por melhores salários e direitos. Em São José dos Campos, também reivindicamos a redução da jornada sem redução de salário”, destacou o sindicato em nova nota. Ainda em outubro, surgiu informações de que só a fábrica de São José dos Campos perdeu 800 funcionários, cerca de 20% do quadro e um pouco menos que do se esperava, inicialmente. Em São Caetano do Sul, 300 funcionários foram demitidos e em Mogi das Cruzes foram 100 funcionários.
Com isso, todas as três fábricas tiveram 1.200 funcionários e não 1.200 apenas em São José. No início de novembro do ano passado, o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região determinou que a GM recontratasse os funcionários demitidos em São José dos Campos. Após a recontratação, a GM readmitiu os funcionários, mas a fábrica ainda continuou em greve após o Tribunal Regional do Trabalho decidir que, caso descumprisse a liminar, teria que pagar uma multa diária de R$ 1.000 por funcionário dispensado. Com isso, o grupo norte-americano cancelou a demissão de 1.245 funcionários no total poucos dias depois, no dia 4/11.
A greve, ao todo, completou 13 dias quando a GM voltou atrás. “A retomada dos empregos é uma vitória histórica, fruto da forte luta dos trabalhadores das três cidades. Foram treze dias de greve e muita união em defesa dos empregos. Mostramos a força da nossa categoria”, afirmou em nota, adicionou Mariano, do sindicato. Em resposta, a GM comunicou: "Os Tribunais Regionais do Trabalho decidiram pelas reintegrações dos empregados, cujo cumprimento vem sendo implementado pela empresa desde o recebimento das ordens judiciais. Seguiremos comprometidos com o diálogo e com a transparência para que possamos chegar a um rápido acordo, que seja justo e que nos permita seguir produzindo e investindo no país", disse a GM.
A greve continuou por mais quatro dias, enquanto os sindicatos e a GM negociaram. O fim da greve veio no dia 8 de novembro de 2023. "Não vamos baixar a guarda. Em qualquer movimento da empresa no sentido de colocar em risco empregos e direitos, a greve será retomada”, disse pelo sindicato, Valmir Mariano. Já em dezembro, a GM abriu uma outra forma de demissão: o Programa de Demissão Voluntária (PDV), principalmente na unidade de São José dos Campos. A meta do programa é atingir a demissão de 830 funcionários.
O PDV prevê uma série de benefícios. Quem optar por ele, tendo de um a seis anos de fábrica, terão seis meses de salário adicional de R$ 15 mil e plano médico de três meses ou R$ 6.000. Os metalúrgicos com sete anos ou mais terão cinco meses de salário, um Onix LS ou R$ 85 mil, e um plano médico por seis meses ou R$ 12.000. No entanto, por conta dos dias parados de greve, os empregados que continuarem na fábrica terão uma licença remunerada por tempo limitado. “Para quem não aderir, haverá estabilidade no emprego até 31 de maio de 2024”, informou o sindicato.
“O Sindicato é contra qualquer fechamento de postos de trabalho, mas o PDV já era uma pauta nossa como alternativa às demissões arbitrárias que chegaram a ser feitas pela GM. O PDV, entretanto, não coloca um ponto final na luta em defesa dos empregos. Estaremos atentos a qualquer movimentação da empresa no sentido de realizar novos cortes. Combatemos de forma permanente toda medida que seja prejudicial aos trabalhadores”, afirma o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Renato Almeida.
O sindicato informou que a proposta prevê que vai existir uma compensação de 50% até 30 de junho de 2024, por conta dos 17 dias parados em greve. Possivelmente, sábado será um dia a mais de trabalho até fechar todos os 17 dias de paralisação.
Fotos: General Motors / divulgação
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