Renault-Nissan-Mitsubishi confirmam novos rumos da parceria e se adequam globalmente

Aliança entre Renault-Nissan-Mitsubishi avança parceria e encontra solução para continuar, depois de rumores de separação e até de desentendimentos 



A Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi confirmou medidas para continuar firme pelos próximos anos. Em dezembro do ano passado, as empresas ainda não tinham uma solução para a parceria. Unidas desde 1999 quando ainda era uma aliança apenas entre Renault-Nissan, a Mitsubishi chegou na parceria em 2017. No final do ano passado, já tinha um desenho de como funcionaria essa parceria revista. Agora, as empresas revelaram como realmente vai operar daqui em diante.

A Aliança Renaullt-Nissan-Mitsubishi vai operar com projetos de criação de valor em mercados como América Latina, Europa e Índia. Para isso, vai trazer maior agilidade estratégica com novas iniciativas em torno das quais as empresas parceiras podem se unir. Para isso, precisa revisar seus planos para ter um maior reequilíbrio nas participações cruzadas entre o Renault Group e a Nissan e fortalecimento da governança da Aliança.

O Renault Group e a Nissan firmaram um acordo de princípio vinculativo para as transações, com o objetivo de chegar a acordos definitivos até o fim do primeiro trimestre de 2023. As transações contempladas por estes acordos definitivos seriam submetidos a um número limitado de condições suspensivas – incluindo as aprovações regulamentares – e a finalização da transação deve ocorrer no quarto trimestre de 2023.

A nova fase da aliança vai trazer projetos operacionais de forte criação de valor, com projetos considerados importantes para as três regiões citadas, América Latina, Europa e Índia. Os projetos levam em consideração melhorias de mercados, veículos e tecnologias, onde cada uma das empresas, nestes mercados, terão projetos de criação de valor em médio prazo, realizando benefícios em curto prazo graças ao compartilhamento e otimização de custos.



A Nissan ainda confirmou que vai investir até 15% na Ampere, divisão de elétricos que a Renault quer criar. A francesa tem criado uma série de parcerias para o desenvolvimento dos elétricos e a Nissan poderá se beneficiar destas tecnologias ao se tornar parceira da divisão. A Mitsubishi também considera fazer um investimento na divisão da Renault. A Nissan e a Mitsubishi também vão se tornar clientes da Horse, uma iniciativa do Renault Group com o objetivo de aumentar os efeitos de escala e a cobertura do mercado para suas tecnologias de motores a combustão interna (ICE) e híbridos de baixas emissões.

Recentemente, a Horse vem trabalhando com Baterias de Estado Totalmente Sólido (ASSB – All Solid-State Battery), o Veículo Definido por Software (SDV – Software-Defined Vehicle), os sistemas avançados de assistência ao motorista (ADAS) e a condução autônoma. Outro ponto é que a Renault-Nissan-Mitsubishi quer trazer maior agilidade estratégica com novas iniciativas em torno das quais as empresas parceiras podem se unir.

As três ainda concordaram que precisam explorar suas estratégias existentes de eletrificação e tecnologias de baixas emissões, investindo e trabalhando em conjunto com projetos próprios a cada empresa parceria Estas iniciativas estratégicas ágeis são concebidas para fortalecer os planos de negócio das empresas-membro, principalmente o Nissan Ambition 2030 e o Renaulution, permitindo maximizar os compartilhamentos e oportunidades de investimento para atingir seus respectivos objetivos de crescimento sustentável e descarbonização.

A parceria também confirma que vai ter mudar com o reequilíbrio de participações que umas empresas tem sobre as outras e isso é um ponto bem específico da Renault sobre a Nissan. Atualmente, a marca francesa detinha uma participação na Nissan que era 29% a mais de ações que a Nissan tinha da Renault. As duas principais membros desta aliança, Renault e Nissan, confirmaram que vão reequilibrar suas participações cruzadas e as modalidades de governança para garantir a eficiência de sua parceria e maximizar a criação de valor.



Para isso, as empresas definiram alguns pontos que ambas terão que seguir. Este novo acordo entrará em vigor para um período inicial de 15 anos. O primeiro ponto será o reequilíbrio das participações cruzadas entre o Renault Group e a Nissan Group. A Nissan e o Renault teriam uma participação cruzada de 15%, com a obrigação tanto de manter como limitar suas participações. O Renault Group transferiria 28,4% das ações da Nissan a uma fidúcia francesa, onde os direitos de voto seriam “neutralizados” para a maioria das decisões, com exceção de:

  1. Eleição ou revogação dos administradores da Nissan nomeados pelo Renault Group, em que o fiduciário deverá votar de acordo com as diretivas do Renault Group;
  2. Eleição ou revogação dos administradores que são nomeados pelo Comitê de Nomeação da Nissan, a não ser os candidatos do Renault Group, em que o fiduciário deverá votar em favor das decisões e das propostas do Comitê de Nomeação da Nissan; e
  3. Propostas dos acionistas não apoiadas pelo Conselho de Administração da Nissan (em que o fiduciário deverá se abster).

O Renault Group continuaria se beneficiando plenamente dos direitos econômicos (dividendos e produtos de cessão de ações) associados às ações possuídas pela fidúcia até a venda destas ações. Esta transação não ocasionaria nenhuma depreciação nas demonstrações financeiras do Renault Group. Após a transferência de 28,4% das ações da Nissan à fidúcia, a Nissan teria condições de exercer os direitos de voto atrelados à sua participação no Renault Group.



Os direitos de voto do Renault Group e da Nissan seriam limitados a 15% dos direitos de voto exercíveis. O Renault Group e a Nissan terão condições de exercer livremente seus direitos de voto até este limite.  O Renault Group daria instruções ao fiduciário para vender as ações da Nissan possuídas na fidúcia se isso for comercialmente razoável para o Grupo, mas não terá nenhuma obrigação de vender as ações em um prazo específico pré-determinado.

O Renault Group teria toda flexibilidade para vender as ações da Nissan mantidas na fidúcia, no âmbito de um processo organizado e estruturado com a Nissan, no qual a Nissan se beneficiaria de um direito de primeira oferta, em seu próprio benefício ou em benefício de um terceiro por ela designado. Dito isso, as duas ainda teriam direitos a cumprir. São eles:

  1. Em razão destas novas disposições, o acordo de governança firmado em 4 de fevereiro de 2016 entre o Renault Group e o Governo da França relativo à sua participação no Renault Group seria rescindido. Isso permitiria ao Governo Francês exercer livremente todos seus direitos de voto no Renault Group.
  2. O Renault Group manteria o direito de nomear dois representantes para o Conselho de Administração da Nissan, e a Nissan manteria o direito de nomear dois representantes para o Conselho de Administração do Renault Group.
  3. O Conselho Operacional da Aliança (Alliance Operating Board) continuaria sendo a instância de coordenação do Renault Group, da Nissan e da Mitsubishi Motors.


Fotos: Renault-Nissan-Mitsubishi / divulgação

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