CAuto #82: um cacto a mais para os SUVs compactos no Brasil
É realmente interessante acompanhar a briga dos SUVs
compactos no nosso mercado. Hoje, não existe um líder do mercado como tinha até
2016, quando o Honda HR-V liderava de ponta a ponta, praticamente. Hoje existe
um certo alinhamento e a liderança tem sido decidida entre Honda HR-V, Jeep
Renegade, Nissan Kicks e Hyundai Creta, que vendem entre 3.500 a 5.000 unidades
mensais. Se tornou bem comum algum e outro liderar por um ou alguns meses. Há
ainda um segundo pelotão formado por Ford EcoSport, Chevrolet Tracker, Renault
Captur e Renault Duster. É nesse bolo intermediário que a Citroën espera
colocar o C4 Cactus, a sua maior aposta no Brasil desde o lançamento do C3, em
2003. Tido como o salvador da pátria da Citroën, cabe a ele liderar as vendas
da PSA (hoje cargo do Peugeot 2008), vendendo entre 2.000 a 2.500 unidades
mensais. Só esse número pode dobrar as vendas do grupo francês no mercado e a
chegada do SUV pode simbolizar um cacto a mais para os concorrentes. Depois de
muitos lançamentos com erros estratégicos, podemos dizer que o C4 Cactus é um
dos que se sai melhor. Tem preço interessante, uma lista de itens de série
farta e com foco na segurança, além de um design ousado (e fora do padrão), aliado
a uma mecânica que é reconhecidamente elogiado como é o THP Flex, ainda mais
num carro compacto, podendo arrancar sorrisos dos condutores. Se você pensa em
comprar um utilitário compacto, saiba que o Cactus é uma opção interessante.
Mas suas aptidões estão mais para uma aventura urbana que uma fora de estrada,
apesar de não sair feio nesse segundo. O design não deve agradar quem é mais
conservador, mas deve ser um fator a favor do C4 Cactus para os mais
descolados. Ele estreia a filosofia de design da Citroën na fábrica de Porto
Real (RJ), já que o primeiro carro com essa cara a estrear no Brasil foi a nova
geração da C4 Picasso. Talvez o problema do C4 Cactus seja em alguns detalhes,
mas nada muito sério. O acabamento interno, que conta com muitas partes em
plástico duro e algumas partes em soft-touch. Além disso, ele não oferece luz
de cortesia nos para-sol e a tela do quadro instrumentos digital pode ter
difícil leitura se o sol estiver contra. Caso a Citroën faça um marketing forte
do C4 Cactus e mostre suas qualidades ao consumidor, ele tem chances de sucesso.
E sem essa que a Citroën tem um pós-venda ruim, que isso a marca já conseguiu
contornar em grande parte de um forte investimento. O Cactus só deve provar ao
consumidor que vale o investimento. E principalmente depois de alguns anos de
desleixo da PSA com clientes no pós-venda, o que verdadeiramente derrubou sua
imagem junto a irmã Peugeot. Porém isso é coisa do passado, um passado bem
espinhoso (desculpe o trocadilho) e que a PSA quer deixar para trás.
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