Retrômobilismo#85: Linha de picapes Série 10/20 é considerada a melhor "pickup" que a Chevrolet já produziu!


A Chevrolet produz picapes desde quando ela chegou ao Brasil, em 1959, com a Chevrolet Brasil, que logo seria substituída pela linha 10/14. Porém, segundo muitos, a melhor safra de picapes chegava em Maio de 1985, com a Série 10/20 de picapes. Composta por A10, C10, A20, C20 e D20, sendo essa última a mais conhecida e uma das mais comercializadas. A picape chegava ao mercado com as versões "básica" e Custon, primeiramente. Para identificar cada picape, a Chevrolet usava a primeira letra para saber qual picape usava qual tipo de combustível: A para álcool, D para diesel e C para gasolina. Já o número (que poderia ser 10 ou 20), referia-se sobre a capacidade de carga aproximada em libras (Série 10 - 1000lb e Série 20 - 2000lb), sendo que a única opção a diesel a ser oferecida para a picape no Brasil. Era a D20, pois veículos com esse motor tinham que carregar mais de 1.000kg, segundo a legislação da época. Seu design era típico dos anos 80, que impressiona pelo porte e pela diferença em relação a sua antecessora. A picape tinha predomínio de linhas retilíneas, com para-brisa mais inclinado que o normal, capô em cunha, que tornava um conjunto equilibrado.


Se observar mais, percebia-se que os faróis e as luzes de direção das picapes da Série 10/20 vinham do Opala, enquanto as lanternas traziam pela primeira vez no segmento, as luzes separadas (para freio, direção e ré). No teto, a picape tinha uma espécia de "teto solar", ou melhor, um alçapão, que se erguia para melhorar a ventilação interna. O interior da picape também representava uma evolução no seu segmento. O acabamento era bem cuidado e o banco poderia ser dividido em 60/40, ainda sendo reclinável e ajustável em altura. Surgiam espaços para pequenos objetos e a ventilação oferecia quatro velocidades e o painel era típico de automóvel, com sua conformação envolvente, voltada ao motorista, e seis módulos para os instrumentos. O quadro de instrumentos, bem completo tinha horímetro, medidor de horas do motor em funcionamento entre outros. Os motores a gasolina e a álcool eram o mesmo do Opala, o 4.1 de seis cilindros. Na picape, o álcool desenvolvia 135cv de potência e torque de 30,1kgfm, com velocidade máxima de 140km/h e aceleração de 0 a 100km/h em menos de 20 segundos.





O motor a álcool precisava rodar com um tanque de combustível do lado: 4km/l. Já o gasolina, desenvolvia 124cv e os mesmos 30,1kgfm de torque, ambos com câmbio manual de 4 velocidades. O grande diferencial era o motor diesel da linha D20. O motor Perkins de quatro cilindros desenvolvia 86,4cv com torque de 27kgfm, disponível em 1.600rpm. Com motor diesel, o câmbio era manual, mas de 5 marchas. A primeira marcha era muito curta, usada principalmente em atoleiros e subidas ingrimes. No uso normal, saía-se em segunda marcha. De resto, a Série 10/20 era igual a C10/C14 ao trazer mecânica, com suspensão dianteira independente de braços sobrepostos, pneus diagonais, freios dianteiros a disco e traseiros a tambor. Em menos de um ano do lançamento, em 1986 a Chevrolet aumentava a gama da picape com a chegada da linha cabine dupla, com quatro portas, como é comum vermos atualmente nas picapes médias e grandes. Poderia levar até 6 ocupantes e o chassi era o mesmo utilizado pela cabine simples longa. Media 5,34 metros de comprimento e 3,23m entre eixos, contra 4,82m e 2,92m da versão de cabine simples. Mesmo assim, a caçamba precisou diminuir de 1.850 litros para 1.450 litros.


Na época, as picapes estavam caindo no gosto do consumidor que não via mais a picape apenas como um uso de trabalho, mas também para servir como carro de família e para jovens. E, para satisfazer esse último, a Chevrolet lançava pacotes decorativos para as picapes, além de itens de conforto. Em 1988, a versão Custon ganhava um "S" no final, enquanto a topo de linha passava a ser chamada de Custon DeLuxe. A DeLuxe oferecia mais requinte, como revestimento interno mais requintado, novas opções de cores como o vinho, janela traseira corrediça, faixas laterais decorativas e novas rodas de liga leve. Em 1989, como muito usavam picapes como meio rural, a Chevrolet lançava a tração 4x4 para os três tipos de combustíveis e cabines. As picapes com tração 4x4 mantinham a suspensão dianteira independente, uma surpresa, por sua superioridade em relação ao jurássico eixo rígido, cuja carcaça limita o vão livre do solo. Assim, a tração dianteira era acionada apenas quando fosse necessária. O diferencial, Positraction da GM era autobloqueante.


Mas a tração 4x4 duraria alguns meses no mercado. O fracasso da tração, que foi logo retirada de linha pela Chevrolet devido a uma crônica fragilidade das juntas universais da tração das rodas dianteiras e que não conseguiu solucionar a tempo, fazendo a Chevrolet desistir da picape com tração 4x4 alguns meses depois de seu lançamento. Em 1991, toda a linha recebia novas molas traseiras e freio de estacionamento acionado por pedal. Em 1992, sem muitas mudanças nos anos seguintes, a Chevrolet apresentava a D20 com motor Turbo, algo que a Ford F1000 já tinha lançado há dois anos. O motor Perkins era substituído pelo Iochpe-Maxinon S4. Esse era um 4.0 que era mais silencioso, leve e eficiente. Aspirado, ele desenvolvia 92cv de potência de 28kgfm de torque, mas a grande estrela era o Turbo Diesel. Mais potente, ele desenvolvia 120cv de força e 38,2kgfm de torque. Esse motor era bem mais esperto. Ele alcançava 145km/h e acelerava de 0 a 100km/h em menos de 20 segundos, acoplado a um câmbio manual de 5 marchas.


Apesar da nova geração da Ford F1000 ter sido lançada em 1992, a Chevrolet não ficou assustada com a novidade da rival. Isso porque a Chevrolet apresentava um face-lift para sua picape. A Série 10/20 trazia os novos faróis do Opala, em forma de trapézio, além de uma nova grade dianteira. No interior, as mudanças ficavam por conta do novo painel. Ele trazia velocímetro e o conta-giros em um só módulo e os instrumentos menores em faixas laterais, além de luzes-piloto mais vistosas. O comando de embreagem passava a ser hidráulico, que isolava vibrações e mantinha leve por longo tempo, e a direção assistida era a moderna Servotronic. Com controle eletrônico, tornava-se mais firme com o aumento da velocidade e não da rotação do motor. Com o novo estilo de entregar um jeito de automóvel a uma picape, a Chevrolet oferecia como opcional, alarme, controle elétrico dos vidros, travas e retrovisores desde 1991. Na lista de opcionais, ainda tinha volante com regulagem de altura, rodas de liga leve e rádio/toca fitas digital para a versão DeLuxe.


Na carroceria cabine dupla, a Chevrolet podia oferecer a opção de bancos individuais e reclináveis, com encosto de cabeça vazado e console central com porta-objetos e porta-copos. Em 1995, com o fim próximo, a Chevrolet introduzia mudanças no motor da D20. Ela ganhava a opção de motor S4T Plus, que entregava 150cv de potência e torque de 46kgfm, elevando seu patamar a um inédito para a época. A Chevrolet também oferecia Freios ABS na traseira. E em 1996, a Chevrolet reaproveitava o motor 4.1 do Omega e a C20 trocava o carburador pela injeção eletrônica, fator que elevava a potência de 124cv para 138cv. No mesmo ano, a produção dos picapes era transferida para a fábrica de Córdoba, na Argentina, que a GM local e a brasileira dividiam com a Renault (e onde era feito o furgão Traffic/Space Van). Porém, em Março de 1997, a Chevrolet decretava o fim da Série 10/20 de seus picapes depois de 12 anos de mercado e serviços prestados. A Chevrolet deixava outro produto que colecionou fãs e admiradores pelo país. No mesmo ano, a Série 10/20 era substituída pela moderna Silverado, que usou até a mesma denominação D20 para alavancar as vendas da picape em 2001.


Comentários

  1. porque não voltar a fabricar a D20 se e´ o único carro do mundo que e´ mais caro hoje do que quando saiu nova. E´o carro de trabalho do nordestino.

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  2. porque não voltar a fabricar a D20 se e´ o único carro do mundo que e´ mais caro hoje do que quando saiu nova. E´o carro de trabalho do nordestino.

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