Retrômobilismo#74: Tem certeza que é um carro de um chefe executivo? Gurgel XEF!
O XEF era a tentativa da Gurgel em produzir um carro pequeno para pessoas com uma boa condição financeira, assim como o Dacon 828. Ele foi lançado em 1981, mas apenas em 1983 que o XEF começou a ser produzido e vendido, quando ele conseguiu "deslanchar" no mercado brasileiro. Com proporções muito reduzidas, o XEF media apenas 3,12m de comprimento, 1,80m de entre-eixos, 1,70m de lergura e pesava apenas 800kg. O nome XEF foi dado a filha de Gurgel, Maria Cristina. Certo dia ela chegou em casa dirigindo o protótipo. Ao perguntarem de quem era o carro ela disse: “É do Chefe!”, mostrando que se tratava de um carro projetado pelo seu pai.
Assim como um bom Gurgel, o XEF também tinha elementos da Volkswagen, que foi base de muitos carros nacionais, além de marcas oriundas do Brasil. Logo de cara percebe-se que os faróis dianteiros do Volkswagen Voyage, enquanto as lanternas traseiras vinham da Brasília. A grade dianteira, dava um ar mais bonito ao XEF, mas era "falsa", já que o motor do mini-sedã ficava na traseira. O chassi era da própria Gurgel, com uma estrutura tubular de aço, incorporada a carroceria feita de fibra de vidro. A suspensão vinha do Fusca, bem como o motor 1600 a ar, capaz de desenvolver 48cv de potência e 10kgfm de torque na Gasolina e 56cv e torque de 11,3kgfm quando abastecido com Álcool, sendo aliado a um câmbio manual de 4 marchas, com velocidade máxima de 140km/h e 0 a 100km/h em 20 segundos.
O acabamento do XEF fugia a regra do acabamento espartano dos Gurgels da época, podendo levar até 3 ocupantes sem aperto. O banco do motorista é separado do banco dos passageiros, que já vinham com apoios de cabeça e podia ser revestidos em tecido ou couro. Logo atrás dos encostos existia uma bolsa elástica que era utilizada para prender a bagagem no reduzido espaço traseiro e todo interior era acarpetado, possuindo entre os itens de série, vidros elétricos e toca-fitas de fábrica. A Gurgel cogitou em colocar ar-condicionado quando ele já era produzido, mas acabou desistindo por motivos não especificados. Seu painel dispõe de 5 instrumentos: velocímetro, nível do combustível, pressão do óleo, conta-giros e vacuômetro.
De tamhno diminuto e com estilo bem "estranho", o XEF não conseguiu resistir aos novos modelos do mercado e acabou saindo de cena em 1986, sem deixar nenhum representante em seu lugar. Estima-se que de 1983 a 1986 foram produzidas 145 unidades do XEF, sendo que ainda há unidades em bom estado de conservação e outras abandonadas, apenas esperando para receber mais carinho e atenção, assim como todo carro abandonado, ainda mais a Gurgel, mas genuinamente brasileira.
Fotos: Divulgação, Revista Fusca e Motor3
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