Retrômobilismo#54: De Sport a MTS, a história do primeiro Miura, o gaúcho que conquistou o país!


Pouca gente conhece a história dele. O gaúcho de Porto Alegre, a marca Miura nascia em Junho de 1977. Mas a história começa antes disso. A marca pensava em criar seu carro esporte desde 1975 quando Aldo Besson e Itelmar Gobbi, proprietários da Aldo Auto Capas que eram fabricantes de bancos e distribuidor de acessórios na capital gaúcha. Apresentado no Salão do Automóvel de 1976, o Miura Sport marcava a história brasileira com um belo carro esporte que foi reconhecido internacionalmente graças ao seu design moderno para a época, sem falar que era o primeiro carro de uma marca, ainda mais brasileira que não contava com recurso nenhum. Com 4,30m de comprimento e 1,17m de altura, o Miura Sport decepcionava no mais importante de um esporte, a motorização.


No Brasil ele tinha o fraco motor 1.6 do Fusca que assim como a Puma, também tinha a mesma plataforma do popular da Volks. O motor 1600 tinha dupla carburação com câmbio e suspensão vindos do Brasília. Tinha 54cv de potência com torque de 12kgfm e velocidade máxima de 135km/h e ia de 0 à 100km/h em longos 23 segundos. Com motor fraco, mas a carroceria de 900kg era leve e por isso sua carroceria era feita de fibra de vidro recorria a um estilo retilíneo, com clara inspiração no Lamborghini Urraco. Falando em estilo, o Sport trazia faróis escondidos, com tampas escamoteáveis que desciam pela ação de um mecanismo a vácuo, acionado por uma válvula eletrônica ao se acionar o botão no painel. Para permitir que se piscassem os faróis altos com as tampas fechadas, duas unidades convencionais vinham no spoiler dianteiro, abaixo do pára-choque em plástico ABS.




Com motor traseiro, o Sport tinha o porta-malas na dianteira, o que era prejudicado graças a dianteira esportiva. O acabamento interno do Sport "77" era muito luxuoso e trazia inovações nos pequenos detalhes. Tinha volantes com três raios que tinha regulagem de altura através de um comando elétrico e também tinha os pedais que podiam ser ajustados em distância do banco, o que hoje é ainda raro. Os dois assentos eram de couro e o painel completo incluía conta-giros até 10.000 rpm (embora o regime máximo do motor fosse de apenas 4.600rpm), voltímetro e manômetro do óleo. Opcionalmente poderia ser equipado com Ar-condicionado, controles elétricos de vidros e rádio com toca-fitas.


O grande ano de 1980 abriu sorrisos para os criadores da marca, mas a recessão de 1981 quase levou a gaúcha a falência. Passando a crise, a Miura lançava entre 1981 o renascimento do Sport, que passaria a ser chamado de MTS. De lá o Miura ganhava motor 1.6 refrigerado a água vindo do Volkswagen Passat TS bem mais adequado ao seu estilo. O motor do Passat TS rendia 76cv de potência, com carburador duplo Solex. Colocado na traseira e com radiador d'água frontal, era auxiliado por duas ventoinhas elétricas e havia melhora na distribuição de peso, que subiu de 840kg para 890kg. Nascia assim o MTS que melhorou o desempenho, mas as limitações do chassis e suspensão antiquados penalizavam o desempenho esportivo. Com esse novo motor ele ia de 0 à 100km/h em 13 segundos com velocidade máxima de 175km/h, bem melhor que o 1600 do Fusca e da Brasília.


A mudança do novo motor trazia mudanças visuais ao MTS. Trazia uma traseira mais baixa, que melhorava a aerodinâmico e o fluxo de vento, além de outras mudanças na traseira como o para-choque traseiro que envolvia as lanternas. Tinha novos retrovisores e o desenho do painel também mudou. Com a volta dos importados em 1990, os modelos fora de série oriundos do Brasil começaram a perder nas vendas, pois os modelos importados abriram um leque de opções muito mais "interessantes" para a época, mas o MTS saiu bem antes de cena, até sair de linha em 1985. Nos 8 anos de linha do primeiro esporte da Miura, a dupla Sport e MTS venderam 1.078 unidades, sendo que 300 foram do MTS, mas o projeto velho e com peças antigas do Fusca, abriria a gama para mais modelos da Miura nos anos seguintes, mas isso é história para os próximos Retrômobilismos.

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